Tudo está à espera para ser descoberto em O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares. Nossa história começa com uma horrível tragédia familiar que lança Jacob, um rapaz de 16 anos, em uma jornada até uma ilha remota na costa do País de Gales, onde descobre as ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares. Enquanto Jacob explora os quartos e corredores abandonados, fica claro que as crianças do orfanato são muito mais do que simplesmente peculiares. Elas podem ter sido perigosas e confinadas na ilha deserta por um bom motivo. E, de algum modo, por mais impossível que pareça, ainda podem estar vivas.
Crítica
Não sei porque demorei tanto tempo para ler "O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares". Algo me dizia que seria uma boa leitura, mas acabou por me surpreender além da conta, me deixando ansiosa pela continuação. A capa chama a atenção logo de cara e nos remete a uma narrativa sombria e cheia de mistérios. As fotografias no verso reforçam ainda mais o conteúdo do livro.
Nessa história nosso protagonista é Jacob Portman, um jovem de 16 anos que acabou de passar por uma experiência traumática, a de presenciar a morte de seu avô. Quando Jacob era mais novo gostava de ouvir as histórias que seu avô contava sobre monstros e crianças com poderes peculiares, aliás, não passavam de histórias inventadas, contadas apenas para impressioná-lo. Tudo seria mais fácil se fosse apenas isso, certo? 
"Então, alguns anos mais tarde, quando eu tinha quinze anos, ocorreu algo extraordinário e terrível, e a partir daí tudo se dividiu apenas em Antes e Depois". (pág. 13)
Mas, depois do que aconteceu ao seu avô, Jacob sabia que algo de ruim estava acontecendo e ele faria de tudo para descobrir. Devia isso a ele por não ter acredito em suas histórias. E a partir daí, seguindo pistas que seu avô lhe deixara antes de morrer, Jacob se lança numa viagem à uma ilha completamente isolada no País de Gales, mas precisamente ao orfanato onde seu avô morou quando criança.
"Será que eu passaria minha primeira viagem à Europa tentando fugir de maníacos bêbados e observando pássaros esvaziando as tripas em praias rochosas? Talvez. Mas se isso significasse que eu finalmente conseguiria dar descanso para os mistérios de meu avô e voltar à minha vida sem graça, qualquer coisa que eu tivesse de suportar valeria à pena." (pág. 62)
Mas, ao chegar lá Jacob se depara com as ruínas do que teria sido o orfanato das histórias de seu avô. Não conseguiria encontrar nada de útil em meio a tanta sujeira. Haviam só destroços e nada mais. Será que sua viagem teria sido em vão? As histórias contadas por seu avô seriam verídicas? Jacob começava a duvidar.
"-Você acha que está começando a compreender melhor seu avô, depois de chegar aqui?
Pensei um pouco.
- Não sei. Acho que sim. É só uma ilha, sabe?
Ele assentiu.
- Exatamente." (pág. 82)
Mas, ao explorar melhor o local, Jacob percebe que nem tudo está perdido, que seu avô tivera razão em tudo o que havia lhe dito, e melhor ainda, as crianças com os tais poderes peculiares poderiam ainda estar vivas. Só que Jacob não imaginava no que estava se metendo, nos mistérios que seriam desvendados e que soariam mais tenebrosos do que o esperado. A viagem estava apenas começando.
"A voz dele parecia surgir do ar. Quando fui pegar a xícara, meu dedinho esbarrou em algo invisível e eu quase a deixei cair.
- Ele é desajeitado - disse o rapaz.
- Você é invisível - retruquei." (pág. 126)
De acordo com o autor, a ideia inicial seria a de construir um livro de fotografias antigas de colecionadores em sequencia que acabassem contando uma história visual, mas no final das contas decidiu criar uma narrativa e utilizou as fotos para ilustrar o enredo. A concepção deu tão certo que o livro fez logo sucesso entre o público, principalmente pelas características das imagens. Sem contar que a escrita de Riggs é muito leve e descomplicada, e, apesar do tom sombrio, ele ainda faz o leitor dar umas boas gargalhadas.
Achei interessante a forma como o autor tratou as peculiaridades, dando uma explicação até mesmo plausível, não algo que tenha caído do céu. Apesar de ser seu romance de estreia, percebe-se o grande talento que Riggs possui para a escrita, e promete impressionar ainda mais com os próximos volumes da trilogia. Viciei na leitura desde a primeira frase, acreditem.
Riggs criou seus personagens com bastante carinho tornando-os atraentes, até mesmo os secundários, com destaque para Millard Nullings, o garoto invisível, e Emma Bloom, a garota que produz fogo pelas mãos. É claro que meu preferido é o Jacob que me conquistou com seu carisma.
"-Não quero ser rude, mas o que são essas pessoas? - perguntei.
- Nós somos peculiares - respondeu, soando um pouco intrigado. - Você não é?
- Não sei. Acho que não.
- É uma pena." (pág. 137)
O livro fez tanto sucesso que agora no final de setembro de 2016 será lançado a adaptação cinematográfica dirigida nada mais nada menos do que pelo mestre e visionário Tim Burton. Não vejo a hora de assistir!
A narrativa é contada em primeira pessoa por Jacob, e aliada às fotografias de tom sombrio que complementam o visual, torna a leitura uma experiência diferente que mexe com a nossa imaginação. Confesso que ficava um tempinho só olhando para as imagens, que são bastante assustadoras por sinal, e absorvendo tudo aquilo.
"O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares", entrou na lista dos meus livros favoritos. Amei a história e toda a composição que fizeram desse livro um sucesso de vendas. Não vejo a hora de ler o segundo e o terceiro livro da trilogia, "Cidade dos Etéreos", e "Biblioteca de Almas", respectivamente, e me deliciar com as aventuras que aguardam Jacob e seus amigos peculiares.
Espero que vocês gostem desse livro tanto quanto eu gostei. Até a próxima gente! Bjs!!!
Ficha Técnica
Título Original: Miss Peregrine's Home for Peculiar Children #1
Título em Português: O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares #1
Autor: Ransom Riggs
Editora: Leya
Ano: 2012
Páginas: 336
Gênero: Ficção norte-americana/Suspense/Mistério
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