quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Resenha: A Seleção, de Kiera Kass

Após a Quarta Guerra Mundial, um novo País surge no que era antes os EUA. Iléa é uma monarquia dividida em castas de um a oito, sendo a primeira composta pela família real e a última por mendigos e miseráveis. Quanto maior é a casta, mais pobre um indivíduo será. America Singer é uma jovem musicista da casta cinco. Sua família é humilde e todos trabalham duro para não passarem fome, algo que é inevitável em um sistema injusto e desigual.
America mantem um relacionamento às escondidas com Aspen Leger, um jovem da casta seis. De acordo com a lei, uma moça não pode casar-se com ninguém que pertença a uma casta inferior.
Essa condição não os impede de fazer planos para que possam ficar juntos um dia.
Em Iléa há uma tradição. Quando o príncipe atinge a maior idade é realizada A Seleção, uma competição transmitida em forma de Reality Show a todo o povo, onde 35 garotas de diferentes castas são selecionadas para disputarem o coração do príncipe. Um oportunidade única para uma plebeia mudar de vida.
America nunca desejou fazer parte da Seleção e muito menos tornar-se uma princesa. Mas para agradar sua mãe e Aspen ela acaba se inscrevendo para a competição, pois nunca imaginaria que um dia seria chamada. Mas para a surpresa de America, ela é a única garota escolhida para representar sua casta na Seleção, o que irá mudar completamente sua vida.

Trecho do livro “A Seleção” (pág 250):
Os traços de seu rosto estavam firmes.
- Sim, acontece. Sei de famílias em que pessoas abrem mão de seu prato de comida para dar aos filhos ou irmãos menores. Sei de um menino que foi chicoteado na praça da cidade por roubar comida. Às vezes, as pessoas cometem loucuras quando estão desesperadas.
- Um menino? De quantos anos?
- Nove – disse sentindo calafrios. Ainda podia me lembrar das cicatrizes nas costas pequenas de Jeremy. Maxon esticou as costas, como se sentisse ele próprio as chibatadas.
- E você? – ele limpou a garganta – já passou por isso? Fome?
(...)
- Sofremos muito. Na maior parte das vezes, chegamos ao ponto de ter que escolher se compramos comida e ficamos sem eletricidade. O pior momento foi perto do Natal. (...) Em geral, nunca há sobras em casa. Alguém sempre quer mais.
O rosto de Maxon ficou pálido, e então me dei conta de que não queria vê-lo irritado. Eu precisava mudar o rumo da conversa, deixá-la mais positiva.

Crítica
A primeira coisa que me chamou a atenção no livro foi a capa e a diagramação. Ambos estão de parabéns. Me surpreendi com o romance distópico que a autora trás para seus leitores. Difícil não comparar com Jogos Vorazes, mas em A Seleção as tensões políticas e sociais são jogadas para segundo plano, o que eu não achei muito legal, já que a autora poderia ter explorado melhor essas questões, daria um pouco mais de sal à leitura.
Antes de entrar na Seleção, Aspen termina com America, o que a deixa totalmente arrasada. Confesso que fiquei morrendo de ódio dele por ter jogado pela janela tudo o que eles haviam vivido juntos ao longo daqueles dois anos. America tenta encontrar no castelo um refúgio para apagar suas mágoas. Ela conhece o príncipe Maxon que desde o começo se mostrou solícito e generoso quanto ao seu sofrimento. Maxon é doce e simples, capaz de fazer coisas impressionantes pelo povo e pelo bem das selecionadas. Totalmente o contrário do que America imaginava sobre ele. O cara arrogante e egoísta estava totalmente distante de quem realmente Maxon era de verdade. Um personagem fácil de gostar e que deixou America balançada.
América é a típica heroína de romances distópicos como esse. É geniosa e corajosa, e acha totalmente injusto o sistema imposto pela monarquia. É também imprevisível. Há momentos em que ela não quer fazer parte da Seleção e há também momentos em que ela começa a se adaptar aquela vida de mimos e caprichos. Sem falar nas inúmeras confusões emocionais pelas quais ela passa. É meio torturante. Automaticamente a comparo com a Katniss Everdeen de Jogos Vorazes, que é totalmente contra o sistema e sabe exatamente o que quer.
Kiera Kass
Há também a questão dos rebeldes, que após o início da Seleção, tem aumentado a frequência dos ataques ao castelo, o que gera tensão e medo entre as selecionadas. Ninguém sabe o que eles querem. Espero que isso seja explicado nos próximos volumes, já que não é algo muito explorado pela autora nesse primeiro livro. Eu, particularmente, criava inúmeras expectativas quando um ataque começava, o que me frustrava bastante quando nada relevante acontecia. Talvez essa seja a ideia da autora. Dar importância ao conto de fadas, ao romance que se desenvolvia aos poucos entre America e o príncipe Maxon.
A Seleção foi uma leitura que me deixou bastante intrigada e repleta de críticas tanto negativas quanto positivas. É uma leitura que flui naturalmente. Em menos de três dias havia terminado o livro e logo comecei o segundo volume, A Elite, pois havia ganhado toda a trilogia como presente de aniversário. Apesar dos pontos negativos, que varia bastante de um leitor para outro, acabei me envolvendo com a história. Espero que minhas dúvidas sejam respondidas até o final da trilogia.

Editora: Seguinte
Autora: Kiera Kass
Páginas: 368
Literatura Estrangeira - Romance


Nenhum comentário:

Postar um comentário