segunda-feira, 23 de maio de 2016

Resenha – O lado bom da vida, de Matthew Quick


Sinopse
Pat Peoples, um ex-professor na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele “lugar ruim”, Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um "tempo separados". Tentando recompor o quebra-cabeças de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com seu pai se recusando a falar com ele, a esposa negando-se a revê-lo e os amigos evitando comentar o que aconteceu antes da internação, Pat, agora viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida.

Crítica
Já conheceu alguém que acredita piamente no lado bom das coisas? Alguém que apesar de todas as dificuldades continua seguindo em frente, dando o melhor de si, a fim de se tornar uma pessoa melhor? Pois bem, vos apresento então Pat Peoples, nosso protagonista. Pat é um cara que acredita no lado bom da vida. É isso que o torna um personagem fora do comum.

- Acredito em finais felizes – digo para ele. – E acho que esse filme já durou o bastante. (pág. 17)

Há alguns anos atrás, Pat passou por uma situação muito delicada que o levou a ser internado por muito tempo numa instituição psiquiátrica. Ele não lembra o que aconteceu. Pat só sabe que isso fez com que Nikki, sua ex-esposa, se separasse dele a ponto de existir uma ordem judicial que os impede de se aproximarem.


Durante sua estadia no “lugar ruim”, Pat se dedicou aos exercícios físicos, uma tentativa de tornar-se mais atraente para Nikki, e assim, quem sabe, chegar ao fim do “tempo separados”. Pat também tem se esforçado em se familiarizar com o mundo de Nikki, coisa que antes não fazia e da qual ele se arrepende. Pat se martiriza por não ter sido um marido melhor para Nikki. Ele então procura ler os livros preferidos de sua ex-esposa, os quais ela utiliza para lecionar.

Essa é uma das partes engraçadas do livro, pois Pat sempre acaba se decepcionando com os finais dos livros e culpa os autores por serem tão mesquinhos e pregarem o pessimismo, já que sua filosofia de vida é acreditar no lado bom nas coisas e não se deixar levar por pensamentos negativos.

- Se as nuvens estão bloqueando o sol, sempre tento ver aquela luz por trás delas, o lado bom das coisas, e me lembro de continuar tentando, porque eu sei que, embora as coisas possam parecer sombrias agora, minha esposa logo voltará para mim. (pág. 20)

Após passar alguns anos nessa instituição psiquiátrica e sem ter nenhum contato com o mundo exterior, Pat finalmente volta para casa com a condição de tomar seus remédios regularmente e fazer terapia semanalmente. Mas não seria tão fácil como ele imaginava, principalmente com a frieza com que seu pai continua tratando-o e com as desvios de conversa de sua mãe sobre o que realmente aconteceu para que ele fosse mandado para o “lugar ruim”.


Enquanto tenta se estabilizar em sua nova vida ao mesmo tempo em que se esforça para recuperar sua memória, Pat conhece Tiffany, a cunhada de seu melhor amigo, e que também vem enfrentando problemas psiquiátricos após a morte de seu marido.

- Bom – diz Tiffany afinal -, você vai me acompanhar até minha casa ou não vai?
Levo um segundo para me dar conta de que Tiffany está falando comigo, mas respondo rapidamente:
-Claro.
Já que estou praticando ser gentil, o que mais eu poderia ter dito... certo? (pág. 46)

Tiffany é uma mulher bastante excêntrica. Ela não sabe fingir quando não gosta de alguma coisa e de vez em quando tem surtos quando está estressada ou triste, e o mais bacana é que ela sabe ser sensível nas horas certas.

(...) ela não consegue fingir aquela expressão feliz que os outros fingem quando sabem que estão sendo observados. Ela não precisa fingir comigo, o que me faz confiar nela, de certa forma. (pág. 105)

Pat e Tiffany então começam uma amizade bem estranha por assim dizer, mantendo uma certa distância entre ambos, mas que acaba os levando a um caminho de cura e redenção.


Descanso meu queixo em seu cabelo preto sedoso, sinto o cheiro de seu perfume e, de repente, também estou chorando, o que me assusta um bocado. (pág. 47)

“O lado bom da vida” foi um livro que me surpreendeu. Eu já havia assistido ao filme antes de ler o livro (um pecado que não devo mais cometer), e me apaixonei ainda mais por Pat e Tiffany. Posso dizer que são os protagonistas mais louquinhos, verdadeiros e carismáticos que pude conhecer e que fogem completamente do clichê mocinho e mocinha apaixonados. Até porque para chegar nesse ponto eles precisam enfrentar um longo caminho rumo à aceitação da realidade e da cura de suas próprias dores.

Por isso super recomendo que leiam “O lado bom da vida”. Não tem como não terminar a leitura sem acreditar que mesmo as coisas ruins que acontecem na nossa vida tem seu lado bom. É como diz aquele bom e velho ditado: “Há males que vem para bem”. Bjs e até a próxima!!!

Filme
A adaptação cinematográfica de “O lado bom da vida”, que levou o mesmo nome, foi lançada em 2012. Dirigido por David O. Russell e estrelado por Jennifer Lawrence e Bradley Cooper, o filme recebeu oito indicações ao Oscar, sendo premiado na categoria de melhor atriz por Jenifer.

Janifer Lawrence e Bradley Cooper
O roteiro do filme não é muito condizente com o livro. Na verdade a maioria das coisas diferem uma da outra. Algumas partes bem interessantes do livro não foram encenadas, como a briga de Pat e um torcedor dos Giants durante o jogo dos Eagles. Mas o importante é a essência e o contexto, elementos que não podem ser deixados de lado em uma adaptação cinematográfica, o que não aconteceu em “O lado bom da vida”. Por isso, tanto o livro quanto o filme, valem muito a pena serem conferidos. Mas querem um conselho? Sempre leiam o livro primeiro ;)

Ficha Técnica
Título Original: Silver Linings Playbook
Título em português: O lado bom da vida
Autor: Matthew Quick
Editora: Intríseca
Páginas: 254
Ano: 2011
Gênero: Literatura Americana - Romance



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