Miles
Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de
sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à
procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava á beira da morte,
chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive
Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente
sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao
“Grande Talvez”.
Crítica
“Saio
em busca de um Grande Talvez”. As palavras de François Rabelais, pronunciadas
antes de morrer, é o que leva Miles Halter a sair de sua casa na Flórida, para
estudar em Culver Creek, um colégio interno no Alabama. Miles espera que essa
decisão o ajude a mudar sua vida sem graça e sem amigos, e que, finalmente, ele
possa encontrar o “Grande Talvez”.
“(...) Chega uma hora em que é preciso
arrancar o Band-Aid. Dói, mas pelo menos acaba de uma vez e ficamos aliviados”.
(pág. 7)
“Talvez, eu disse. Tudo é um talvez, não é?” (pág. 188)
Mas,
em Culver Creek, Miles encontra Alasca Young, a garota mais bonita e impulsiva
que ele já conheceu, além de Chip (o Coronel), Takumi e Lara. Miles, por ser
magro e alto, logo recebe o apelido de “Gordo”, dado carinhosamente por
Coronel, que diz fazer parte da tradição do colégio. Os novos amigos, de Miles,
imediatamente, apresentam-no ao universo das bebidas, dos cigarros e claro, dos
famosos trotes escolares.
“Agora cumpre dizer que a garota era
linda. Ao meu lado, no escuro, ela cheirava a suor, sol e baunilha (...) Ela
tinha olhos do tipo que nos levam a apoiar todas as suas decisões”. (pág. 19)
Miles,
que é fissurado por últimas palavras, fica arrebatado com a frase de Simon
Bolívar, um dos autores preferido de Alasca, pronunciadas nos instantes finais
de sua vida: “Como sairei deste labirinto?”.
Mas antes de descobrir a resposta para essa pergunta, muitas aventuras
aguardarão Miles e seus amigos em Culver Creek, e que deixarão marcas em cada
um deles para o resto de suas vidas.
“O que estava sentindo não era bem tristeza,
era dor. Aquilo doía, e não é eufemismo. Doía como uma surra”. (pág. 155)
“Quem
é você, Alasca?” é a primeira obra de John Green e a segunda que tive a
oportunidade de ler. Como já havia lido “Cidades de Papel”, foi praticamente
impossível não comparar uma história a outra. Até porque existem muitas
semelhanças entre a narração e o enredo, e até mesmo dos personagens. É claro
que cada obra tem suas particularidades, mas Green, pelo que pude ver, adota
certo padrão para escrever suas histórias. Isso é característico dos autores.
“Às
vezes não entendo você, eu disse.
Ela
nem mesmo olhou para mim. Apenas sorriu para a tevê e disse: “Você nunca me
entende. Essa é a graça”. (pág. 56)
“Você ama a garota que faz você rir, que vê
filmes pornográficos e bebe com você. Mas não a garota tristonha, mal-humorada,
maluca”. (pág.98)
Garoto
+ Garota bonita e enigmática + melhor amigo engraçado + mistério e aventura =
uma história emocionante e empolgante de John Green. Sim, apesar de a narrativa
ser voltada para o público infanto-juvenil, a história é de tirar o fôlego e prende
o leitor do início ao fim, o que não impede de agradar o público adulto. “A
culpa é das estrelas” é um exemplo claro disso.
“Eu era um palerma. Ela era
apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente
fascinante (...) se as pessoas fossem chuva, eu era a garoa e ela, um furacão”.
(pág. 91)
“Eu ainda não a conhecia como desejava
e acho que jamais a conheceria. Ela tinha tornado isso impossível para mim.”.
(pág. 217)
Confesso
que não gostei muito do personagem de Alasca pelo fato de ela ser muito
impulsiva e complicada. Difícil de entender. Em contrapartida adorei o
personagem do Coronel. Ele salvou muitos diálogos no livro. A evolução da
amizade entre ele e o Miles também é muito gostosa de acompanhar. No começo
achei que o Coronel seria arrogante e autoritário, mas ele me surpreendeu
bastante ao longo da história.
“Não posso ser uma dessas pessoas que
ficam sentadas falando que pretendem fazer isso e aquilo. Eu vou fazer e
pronto. Imaginar o futuro é uma espécie de nostalgia (...) simplesmente usamos
o futuro para escapar do presente”. (pág. 55 e 56)
“Quem é você Alasca?” nos leva a refletir como
uma vida pode influenciar outra em tão pouco tempo e de diferentes formas e de
como o poder da amizade, do amor e do perdão podem mudar vidas. Green, em seu
primeiro livro, conseguiu deixar uma mensagem marcante e cheia de significados.
Vale muito a pena conferir.
“Eu sempre amaria Alasca Young, minha
vizinha pervertida, com todo o meu pervertido coração”. (pág. 224)
Ficha Técnica
Título original: Looking for Alasca
Título em português: Quem é você, Alasca?
Autor: John Green
Editora: WMF Martins
Ano:
2010
Páginas: 229
Gênero: Literatura Americana / Juvenil
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