Sinopse
Após um erro de computador
no Departamento de Defesa, um milhão de contatos casuais formam uma cadeia de
morte: é assim que o mundo acaba. O que surge é um árido lugar, privado de suas
instituições e esvaziado de 99% de sua população. Um lugar onde sobrevivente em
pânico escolhem seus lados - ou são escolhidos por eles. Onde os bons se apoiam
nos ombros frágeis de Mãe Abigail, com seus 108 anos de idade, e os piores
pesadelos do mal estão incorporados em um indivíduo de poderes indivisíveis:
Randall Flagg, o homem escuro. King criou uma história épica sobre o fim
da civilização e a eterna batalha entre o bem e o mal.
Crítica
A Dança da Morte é o quarto livro que Stephen King publicou e o primeiro que tive a oportunidade de ler. Lançado em
1978, o livro é dividido em três partes e ambientado na década de 80: a
primeira ressalta a disseminação de um vírus mortal que, posteriormente, culminaria na morte de
milhares de pessoas. A segunda parte narra a luta dos sobreviventes enquanto tentam se agrupar e constituir uma nova
sociedade. A terceira e última relata o confronto final entre os dois grandes
grupos formados na história.
Ler
a Dança da Morte foi uma experiência incrível, e posso dizer que se deve ao fato da quantidade de páginas. Além de ter sido o meu
primeiro romance do autor, foi também a leitura mais longa que eu já tinha feito. O resultado foi um apego
ainda maior pelos personagens e pela trama em si.
A
história começa em uma base secreta do exército
dos Estados Unidos, onde um vírus mortal é criado para compor o arsenal de
armas biológicas do País. Mas, um acidente acaba fazendo com que esse vírus
vaze e se alastre por todo o território norte-americano em uma velocidade
assustadora. As consequências são catastróficas. Em pouco mais de duas semanas,
o vírus, batizado de “Capitão Viajante”, dizimou 99% da população dos EUA. Os
que restaram tentam desesperadamente sobreviver em meio ao caos que se instalou
sobre o País.
Não há mais energia elétrica, nem médicos, nem polícia, e o governo agora é inexistente. A única lei que existe é a dos mais fortes. Em meio a esse cenário, já não bastando ter que enfrentar a realidade de um mundo pós-apocalíptico, os poucos sobreviventes ainda tem que lidar com sonhos estranhos, que mais parecem premonições, além de terríveis pesadelos que os assolam durante a noite.
Os poucos sobreviventes
acabam se dividindo em dois grandes grupos, os do bem e os do mal, de acordo
com os sonhos que tiveram. Enquanto uns sonham com a doce e adorável Mãe
Abagail, uma mulher de 108 anos de idade que mora em um casebre no Nebraska e
que possui poderes sobrenaturais, fazendo-a atuar como guia espiritual, outros
sofrem terríveis pesadelos com o tenebroso Randal Flagg, ou o Homem Escuro, um
demônio dotado de poderes obscuros, cujo objetivo é dominar o mundo que
ressurge após o apocalipse. O vilão também aparece em outros livros de King,
como em a Torre Negra.
Essa divisão permeará os
rumos da história. Os que escolherem seguir Mãe Abagail (o grupo do bem) acabam
se concentrando na pequena cidade de Boulder, no Estado do Colorado, e se
denominam Zona Franca. Seu objetivo é criar uma sociedade pacífica onde todos
possam recomeçar suas vidas. Já os que escolheram por Flagg (o grupo do mal) se
fixam em Las Vegas e visam uma sociedade bélica capaz de confrontar e vencer
quem quiser se opor. A cada dia mais e mais sobreviventes se juntam em ambos os
lados e novos personagens vão surgindo ao longo da história, e acabam tendo
destaque na trama.
Mas, o destaque vai para os personagens principais, tanto os mocinhos quanto os vilões, que, à sua maneira, vão conquistando o leitor. No grupo dos mocinhos, além de Abagail Freemantle com seu jeito carismático e acolhedor de ser, temos Nick Andros (o meu preferido!), um jovem peregrino surdo mudo que impressiona a todos com sua história de vida.
Larry Underwood (o
personagem que mais me identifiquei), um músico em ascensão que vive lutando
contra seus demônios interiores. Ele acha que seus atos são guiados por puro
egoísmo, mas há um senso de justiça muito grande dentro de si que ele mesmo não
reconhece. Stuart Redmam é um ex-trabalhador de uma fábrica do interior do
Estado do Texas. Ele é gentil, corajoso e possui espírito de liderança. Essas
características o levarão a ser um dos principais líderes da Zona Franca. Glen
Bateman é professor de sociologia e suas percepções sobre comunidade ajudará os
novos moradores de Boulder a se estabelecer em sociedade. Ele é dono de Kojak,
um cachorro esperto e amável. Frances Goldsmith é uma estudante universitária
que se encontrava grávida de dois meses quando a epidemia se alastrou pelo
País. Ela é romântica, sensível e muito bonita. Sua gravidez é uma incógnita e
causa receio em todos na Zona Franca, pois ninguém sabe se o vírus é capaz de
atingir o bebê, mesmo a mãe sendo imune. Tom Cullen, apesar dos problemas
mentais, é um dos personagens mais adoráveis do livro. Ele é ingênuo e possui
um coração de ouro.
Por fim temos Harold
Lauder, um estudante do ensino médio. Ele é bastante inteligente, esperto e
astucioso. Harold alimenta uma paixão secreta por Frances, e ao ver que Frannie
jamais poderá corresponder, ele acaba nutrindo sentimentos ruins dentro de si.
Do lado de Flagg, além do
próprio vilão que possui particularidades nada humanas e um senso de humor
bastante sombrio, há Lloyd Henreid, que há época da epidemia estava preso por
cometer inúmeros crimes, inclusive assassinato, foi salvo graças à Flagg. Lloyd
é grato por isso e prometeu ser fiel ao Homem Escuro em qualquer circunstância.
Donald Merwin Elbert, ou o Homem da Lata de Lixo, é um incendiário nato. Suas
aspirações por fogo o tornam um dos principais trunfos de Flagg.
A maestria de King ao escrever suas obras é nitidamente percebida na construção de seus personagens e diálogos que seriam difíceis de serem retratados em um livro, como por exemplo, as conversas entre Nick Andros e Tom Cullen, que por sinal são meus personagens preferidos. Como foi dito anteriormente Nick é surdo-mudo e Tom possui problemas mentais. Há até mesmo uma parte no livro em que Nick se pergunta como ele poderia estabelecer uma conversa viável com Tom. “Como um debilóide poderia entender o que um surdo-mudo quer dizer?”. Mas, Stephen utiliza-se de todos os atributos literários para que o leitor não se sinta perdido e não perca nenhum detalhe.
A coexistência entre as
duas sociedades torna-se insustentável após um ataque à Zona Franca de Boulder.
Tudo indica que o crime foi causado, indiretamente, pelo pessoal de Flagg. O
comitê de Boulder decide, por fim, confrontar o grande vilão munido apenas de
sua própria fé.
O livro é repleto de
aventura, fantasia, drama, distopia e uma pitada de romance. Impossível parar
de ler apesar da quantidade de páginas. Em a Dança da Morte há um apego maior
pelos personagens. Acredito que essa fidelidade para com os personagens faz com
que o leitor se prenda do início ao fim à trama. A sensação de vazio ao término
da leitura é inevitável. Poderia ter uma continuação contando se os personagens
viveram felizes para sempre. Tá certo que se trata de romances do Stephen King
onde finais felizes são utopias, mas não custa sonhar um pouco né?
Um ponto interessante que
vale ressaltar é a crítica que Stephen faz ao governo dos EUA em momentos de
crise. Em a Dança da Morte o exército tenta ao máximo encobrir a epidemia,
ocasionada por um erro interno. Há repressão da população, censura à imprensa e
até mesmo assassinato de quem se opuser ao governo.
Nesse cenário apocalíptico
fantástico criado por King, a ambientação e a apresentação dos personagens,
marcas registradas do autor, são os destaques da trama. Muitos leitores
assustam-se com a quantidade de páginas, mas o conteúdo é o que importa. Não
deixem de conferir A Dança da Morte, uma das obras mais aclamadas de Stephen
King, principalmente se você ainda não conferiu os trabalhos do autor, ou
somente assistiu às adaptações cinematográficas.
Então é isso, bjs e até a
próxima!
Curiosidade
A Dança da Morte foi criada
em alusão ao fenômeno O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien. Há muitas
referências no romance de King, como o olho de Sauron na concepção do vilão
Flagg, que também possui um olho que espiona tudo e todos. A ideia de um herói percorrer
longas distâncias para atingir seus objetivos também são semelhanças à obra de
Tolkien.
A primeira edição do livro
foi publicada em 1978 e recebeu uma versão expandida em 1990, e uma adaptação
para televisão em forma de minissérie dividida em quatro capítulos (A praga -
The Plague; Os sonhos - The Dreams; a Traição - The Betrayal; e a Prontidão -
The Stand), pela ABC (EUA), em 1994,e dirigida pelo cineasta Mick Garris.
Ficha Técnica
Título: A Dança da Morte
Título
Original: The
Stand
Autor:
Stephen
King
Editora: Suma de Letras
Ano: 2013
Páginas: 1248
Gênero: Pós-apocalíptico
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