terça-feira, 3 de novembro de 2015

Resenha – Caixa de Pássaros, de Josh Malerman

Não abra os olhos

Sinopse
Romance de estreia de Josh Malerman, “Caixa de Pássaros” é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.
Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.
Resumo
Malorie é uma jovem mãe que tenta desesperadamente sobreviver ao novo cenário em que se encontra o mundo. Algo sombrio pairou sobre a terra. Ninguém sabe o que é, pois, nenhuma pessoa que viu “a coisa” ou a criatura, ou seja lá o que for, sobreviveu para contar a história. A única coisa que os sobreviventes sabem, é que não podem abrir os olhos, em hipótese alguma.
Tudo começou com pequenos incidentes espalhados pelo mundo. Alguém que se enforcou numa cidade, outro que mutilou a si mesmo, e uma mãe que enterrou os filhos vivos e depois suicidou-se. Pareciam casos aleatórios, mas a frequência com que aconteciam foi aumentando e tomando conta de todos os lugares do planeta. Ninguém fazia a menor ideia do que estava levando as pessoas a agirem de forma tão cruel e brutal umas com as outras. Será que o mundo todo havia enlouquecido de uma só vez? O que estava acontecendo?

Casos e mais casos eram noticiados agora diariamente nos jornais. Um pânico começou a crescer entre a população. Quem seria o próximo? Especialistas discutiam diversas hipóteses que explicassem o que estava levando as pessoas a cometerem atos tão brutais. A única coisa em comum em todos os casos, era que as pessoas que enlouqueciam tinham visto alguma coisa antes de morrerem que as levavam a agir de tal forma. Essa “coisa”, a maioria achava que se tratava de uma criatura. Um ser além do normal, algo jamais visto por nenhuma pessoa. Um ser infinito, que jamais poderia ser compreendido.
Malorie, mesmo diante dos noticiários alarmantes, continuou cética. Ela achava que seria uma crise passageira. Dentro de alguns dias tudo iria se resolver e as coisas voltariam ao normal. Principalmente agora que ela acabara de descobrir que estava grávida. As coisas tinham que voltar ao normal.
Sua irmã, Shannon, não saia de frente à televisão. Ficava horas na internet procurando saber o que estava acontecendo. Isso estava deixando Malorie maluca. Tudo estava ficando maluco. As pessoas estavam malucas. Todo mundo estava trancado em suas casas com panos pretos e tábuas nas janelas. Ninguém olhava mais para fora. Ninguém queria ver o que estava lá fora. Ninguém abria mais os olhos. O medo era tangível.
“Na calçada, um casal passa com o jornal cobrindo o rosto até as têmporas”. Alguns motoristas dirigem com os retrovisores virados para cima. Distante, Malorie se pergunta se aqueles são sinais de que a sociedade está começando a acreditar que há algo de errado. E se houver, o que é?”… “Um homem no fim do corredor abre uma caixa de curativos. Então põe um deles sobre o olho.”
Malorie até que tentou, mas não conseguiu se manter cética por muito tempo, principalmente depois que encontrou sua irmã morta no chão do banheiro. Ela havia cortado os pulsos e sangrado até a morte. Seus olhos estavam vidrados no teto. E a janela estava um pouco aberta. Ela havia visto alguma coisa lá fora. Agora Malorie estava completamente sozinha. Não tinha notícias dos pais fazia semanas. Ela tinha que pensar na segurança do bebê que estava a caminho. Ela precisava sair daquela casa.
Em total desespero e ainda com a imagem da irmã morta na cabeça, Malorie procura um outro local onde possa se esconder do mal que estava lá fora. Ela havia lido no jornal certa vez, de um grupo que estavam chamando pessoas para se juntarem a eles numa casa que chamavam de refúgio. Ela não pensou duas vezes e se dirigiu até lá.
As pessoas da casa se mostraram bastante solícitas com a chegada de Malorie, exceto alguns moradores que mostraram resistência pelo fato de ela estar grávida. Como ela daria luz à uma criança em meio aquele caos? E pior ainda, como ela criaria um bebê sem que ele pudesse enxergar além das paredes da casa? A criança cresceria assustada e com medo. Como seria feliz?
Mas, quatro anos se passam, e agora Malorie se vê diante de uma situação assustadora: sair da casa com seus dois filhos. Ela tinha que procurar um lugar melhor para as crianças. Ela tinha que fazer essa viagem de olhos vendados pelo rio que passava por trás da casa. Era o caminho mais seguro. Ela pegaria as crianças, colocaria a venda em cada uma delas, entrariam no barco e remariam rumo a um novo refúgio.
“Remar vendada é ainda mais difícil do que Malorie havia imaginado. Já aconteceu de muitas vezes o barco bater nas margens e ficar preso por vários minutos. Durante esse tempo, ela foi tomada por imagens de mãos invisíveis tirando as vendas dos olhos das crianças. Dedos emergindo da água, surgindo da lama das margens.”
Malorie não sabia o que a esperava durante a viagem. Ela só poderia confiar nos ouvidos aguçados dos filhos, os quais ela treinou arduamente durante quatro anos. A única coisa que Malorie sabia, é que não podia abrir os olhos.
Crítica
Ainda estou em transe depois de ler “Caixa de Pássaros”. Que história sensacional! Eu sabia que se tratava de um enredo assustador, mas jamais imaginei que seria contado de uma forma tão aterrorizante.
Josh Malerman nos apresenta, em seu romance de estreia, uma história bastante original. Um enredo que brinca com nossos medos e nos deixa à flor da pele. Durante dias me vi com medo antes de dormir. Ficava receosa de olhar para fora e enxergar algo estranho.
“Caixa de Pássaros” foi meu primeiro thriller de terror - que pode ser considerado mais como um suspense, e adorei a experiência. Desde os primeiros capítulos, Josh consegue prender o leitor, proporcionando tensão do início ao fim. Conter a curiosidade é inevitável, porque o leitor também fica na escuridão, assim como os personagens do livro. Você quer saber o que está acontecendo e o que está causando todo esse pânico.  
Mas, essa é a proposta do autor, pois no final das contas, ninguém consegue saber realmente o que é a coisa. Isso pode ser considerado irritante ou algo bom, depende do seu ponto de vista, pois se o autor não te apresenta uma forma concreta do mal que está à espreita, então o leitor pode imaginar o que quiser. Pode criar suas próprias criaturas.
Josh faz com que nossos medos sejam atiçados e nos leva a repensar sobre eles. O que é o medo afinal? O que mais te assusta? Pessoas sentem medo de baratas, de aranhas, de altura, e até mesmo de palhaços.  São coisas que você consegue visualizar, possuem forma. Mas, em “Caixa de Pássaros”, ninguém sabe o que os espera do lado de fora. Ninguém sabe o que está fazendo as pessoas enlouquecerem até a morte. Esse mal, que não possui forma alguma, assusta muito mais que aranhas e baratas.
Em seu romance de estreia, Josh Malerman, conseguiu atender as expectativas, pelo menos as minhas. Vou ficar na torcida para que ele escreva uma continuação. Quem sabe dessa vez ele possa nos contar o que são essas cosias. Não que seja importante levando em conta a qualidade do enredo, mas lidar com a curiosidade é muito difícil.
Então, meus queridos leitores, leiam “Caixa de Pássaros”. A experiência será incrível. Até a próxima!
Ficha Técnica
Título Original: Bird Box
Título: Caixa de Pássaros
Autor: Josh Malerman
Editora: Intríseca
Ano: 2015
Páginas: 272

Nenhum comentário:

Postar um comentário